Título: Rainha por 9 Dias
Título Original: Nine Days a Queen
Direção: Robert Stevenson
Elenco: Nova Pilbeam (Lady Jane Grey), Cedric Hardwicke (Earl of Warwick), John Mills (Lord Guilford Dudley), Felix Aylmer (Edward Seymour), Leslie Perrins (Thomas Seymour), Frank Cellier (Henry VIII), Desmond Tester (Edward VI), Gwen Frangcon Davies (Mary Tudor)
Sinopse: Uma dramatização da curta vida de Lady Jane Grey, do seu casamento forçado (que ela resistiu) ao seu breve reinado como monarca da Inglaterra e finalmente a sua decapitação. O filme a mostra como uma inocente criada para o massacre, enquanto os intrigantes cortesãos e pretendentes ao trono mal lhe prestam atenção, enquanto se esfaqueiam nas costas em suas tentativas de obter poder e influência.
Ano: 1936 / País: Reino Unido / Duração: 80 minutos / Gênero: Drama, Épico
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A Trágica História de Lady Jane
Joana Grey (Lady Jane) é lembrada como uma vítima inocente
do jogo de poder de sua própria família.
A jovem de 16 anos, considerada uma das jovens mulheres
mais cultas de seu tempo, não superou a ambição dos que a rodeavam. Depois de
um breve período (apenas nove dias) governando a Inglaterra, terminou encarcerada
e executada em 1554. Nem é listada entre os monarcas oficiais ingleses.
Para entender a história de Lady Jane é preciso voltar ao
reinado de Henrique VIII, segundo monarca da dinastia Tudor que comandou a
Inglaterra entre 1509 e 1547. Recém-coroado, Henrique VIII casou-se com
Catarina de Aragão, que, após um aborto espontâneo e a morte de um filho
recém-nascido, deu à luz uma menina chamada Maria. O rei, porém, desejava um
filho do sexo masculino para sucedê-lo no cargo. Quando ficou claro que
Catarina não poderia ter mais filhos, sua paciência esgotou-se e ele decidiu se
divorciar.
Isso o levou a uma série de desentendimentos com a Igreja
Católica até que, em 1553, o monarca rompeu suas relações com o papa. Sem assim
desejar, já que sempre considerou-se católico, Henrique VIII desencadeara uma
revolução religiosa que abriu caminho para o evangelismo protestante na Inglaterra.
Após seu divórcio de Catarina de Aragão e depois de um curto casamento com Ana
Bolena (com quem teve uma filha, a futura rainha Elizabeth 1ª), Henrique VIII
casou-se com Joana Seymour que, finalmente, lhe deu um filho homem: Eduardo.
Henrique VIII morreu em janeiro de 1547. Seu sucessor,
Eduardo, que recebeu o título de Eduardo 6º, tinha apenas nove anos de idade.
Por isso, não podia exercer o poder sozinho, e foi estabelecido um conselho de
regência, formado por 16 membros e liderado pelo Lorde Protetor Eduardo
Seymour, o duque de Somerset. A regência de Seymour realizou uma série de
reformas, entre elas a da igreja. Com isso, Eduardo 6º converteu-se no primeiro
governante inglês protestante.
Dois anos depois, Seymour foi substituído por John Dudley,
conde de Warwick (e depois duque de Northumberland). Sua chegada ao poder deu
início à perseguição do catolicismo na Inglaterra, cujos seguidores eram presos
e muitas vezes queimados na fogueira. Eduardo 6º tinha uma saúde frágil e
morreu ainda adolescente, sem deixar herdeiros. Surge o problema da sucessão.
É aqui que, finalmente, surge o nome de Lady Jane Grey,
protestante fervorosa, prima de segundo grau do jovem rei — sua avó era irmã de
Henrique VIII, pai de Eduardo VI — e muito próxima do monarca. Segundo o
historiador britânico J. Stephan Edwards, especialista na dinastia Tudor, a
realidade da família real, com um rei sem herdeiros ou irmãos do sexo
masculino, indicava que uma mulher teria de assumir o trono inglês, algo que
nunca ocorrera antes. "E a única mulher disponível para isso nesse momento
era Joana Grey", disse o historiador na série documental da BBC A Rainha Esquecida da Inglaterra: a Vida
e Morte de Joana Grey.
Seu nome aparecia na linha de sucessão porque a meia-irmã
de Eduardo 6º, Maria Tudor, filha de Catarina de Aragão, fora considerada
ilegítima. Além disso, era extremamente católica. Eduardo 6º não queria lhe
transferir a coroa porque desejava assegurar seu legado protestante.
O duque de Northumberland exerceu um papel chave ao
persuadir o rei a declarar que tanto Maria como a outra meia-irmã de Eduardo,
Elizabeth, eram ilegítimas e alterar a linha de sucessão para Joana - que, além
disso, era casada com seu filho, o Lorde Guildford Dudley.
Eduardo 6º faleceu em julho de 1553, aos 16 anos de idade.
Seus assessores começaram a preparar, secretamente, a subida ao trono de Joana
Grey.
Com o passar dos anos, Joana mostrou-se uma moça
inteligente e piedosa, com muita aceitação nas esferas de poder que rodeavam o
rei. Assim, quatro dias depois da morte de Eduardo 6º, em 10 de julho de 1553,
Joana — ou Lady Jane — foi proclamada rainha, sabendo muito pouco do que isso
realmente significava. Sua chegada ao trono foi transformadora, sendo a
primeira mulher a receber a coroa inglesa na história do país.
Entretanto, o que o agora falecido rei e seus assessores
não haviam identificado era o amplo apoio popular que Maria Tudor possuía — e,
certamente, o tamanho de sua ambição. Quando Maria se convenceu de que seu
irmão estava prestes a morrer, ela viajou para a região de East Anglia (ou
Ânglia Oriental, no leste da Inglaterra), onde se reuniu com vários partidários
seus que, assim como ela, queriam restaurar o catolicismo no topo do poder
inglês. O duque de Northumberland tentou capturar Maria, mas sem sucesso.
Assim, o panorama para a rainha recém-empossada foi se tornando cada vez mais
complicado.
Bastaram uns dois dias para que muitos dos seguidores de
Lady Jane a abandonassem. Entre eles, seu próprio pai, o duque de Suffolk, que
facilmente convenceu sua filha a renunciar à coroa. Maria Tudor conseguiu para
si a coroa, que considerava sua por direito, e entrou para a história como
rainha Maria 1ª. Oficialmente, é considerada a primeira monarca de direito do
sexo feminino, já que Lady Jane não é historicamente reconhecida como
"Rainha Jane" ou "Jane 1ª".
Em 19 de julho, Maria encarcerou Lady Jane na Torre de
Londres, e o duque de Northumberland, seu principal aliado, foi executado um
mês depois. Lady Jane foi acusada de traição e usurpadora do trono.
Extraído da BBC